Audiência do Caso Maria Luisa acontece no Fórum de Cabo Frio
Aconteceu, no fórum de Cabo Frio, a primeira audiência de instrução e julgamento do Caso Maria Luisa, que julga o réu Nostradamus Pereira Coelho, de 67 anos, pelo assassinato da menina após um acidente entre a sua lancha e um “banana boat” em dezembro de 2016, no qual a criança foi decapitada.
Depois do acidente, Nostradamus chegou a ser preso, mas teve a liberdade provisória concedida e cumpria medidas cautelares desde então. Ontem, após pouco mais de dois anos do acidente que vitimou Maria Luisa Santana Serra, de 10 anos, estiveram frente a frente no fórum o réu, o condutor do banana boat, Carlos Henrique de Oliveira Macedo, e o assistente de acusação, André Luis Nascimento, uma das três pessoas feridas no acidente. A família de Maria Luisa, que não é parte atuante do processo e se mudou para o Rio Grande do Sul depois da tragédia, não compareceu.
Além dos três, ao todo foram citadas e chamadas para dar depoimento 24 testemunhas, sendo 17 de acusação e outras sete de defesa,que foram ouvidas durante todo o dia pela juíza Janaína Pereira Pomposelli, da 2° Vara Criminal da Comarca de Cabo Frio.
Durante o pequeno intervalo feito pela juíza, um dos advogados de defesa, Gerson Silveira Arraes, se mostrou tranqüilo e afirmou que “estava tudo correndo naturalmente durante a audiência”, porém, quando questionado se acredita que seu cliente será absolvido, ele preferiu não cravar nenhum resultado.
– Isso a gente não pode prever. Ainda falta muito pra acontecer nesse processo – afirmou.
Também em relato à reportagem da Folha, a outra advogada de Nostradamus, Juliana Rodrigues, disse estar confiante em um final positivo e afirmou que seu cliente é inocente.
– Vocês não sabem da verdade. A culpa não foi do meu cliente. O verdadeiro culpado é o condutor do “banana boat”. O Nostradamus não passou por cima de “banana boat” nenhuma, ele passou por cima da corda da lancha. E quando ele passa por cima da corda, ela enrosca na hélice e todo mundo que estava no bote pulou, menos a menininha que estava desacompanhada de seus responsáveis. O certo era o condutor do banana boat ter dois auxiliares, um para ficar dentro do bote e outro para ficar dentro do banana boat, para auxiliar qualquer eventual necessidade de socorro. Então, ele descumpriu essa norma – disse.
Ainda segundo a advogada, diferente do que foi dito à época, e inclusive pelo próprio condutor do “banana boat”, Nostradamus não fugiu após o acidente, deixando de prestar socorro ás vítimas. Ainda segundo ela, muito do que foi dito até agora sobre o caso são inverdades, que serão provadas ao final do processo.
– Na verdade a corda ficou presa na hélice e por isso ele não poderia nem fugir dali, ficou à deriva. Ele ligou para a Marina para virem com o jetski dele para prestar socorro para as vítimas. Tudo o que falaram até agora não corresponde à realidade dos fatos. Vai ficar provado ao final de toda a instrução e depois que houver também o julgamento no tribunal marítimo, que ainda vai acontecer, que a culpa foi única e exclusiva do outro condutor – afirmou.
Com a primeira audiência finalizada ontem, outro encontro será marcado para que o interrogatório do réu seja realizado. Porém, isso só deve acontecer depois que a juíza receber as cartas precatórias de outra comarca contendo os depoimentos das testemunhas que restam e que estão em outro estado. Só depois a juíza poderá proferir a sentença, o que ainda pode acontecer cinco dias depois de um segundo ou até terceiro encontro, para que se dê tempo para que as partes interessadas apresentem suas alegações finais por escrito. Finalizados todos esses trâmites, a juíza poderá proferir a sentença em primeira instância, cabendo recurso.