Aloizio Mercadante toma posse e anuncia o BNDES do futuro
“Nós estamos aqui não para debater o BNDES do passado, mas para construir o BNDES do futuro, que será verde, inclusivo, tecnológico, digital e industrializante”, anunciou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, em seu discurso de posse, nesta segunda, 6, no Rio. Além de detalhar a agenda atuação econômica do Banco para o futuro, o presidente apresentou um programa de mudanças internas na instituição.
Mercadante reafirmou o compromisso com a igualdade de gênero e raça, que farão parte, inclusive, da estratégia de negócios do BNDES. “Seremos promotores de uma sociedade mais justa e inclusiva por meio das nossas linhas de crédito e das ações de fomento que empoderem economicamente os negros e negras deste país”, declarou. O dirigente enfatizou o comprometimento em estabelecer ambiente de trabalho livre de assédios e revelou que o Banco planeja a retomada de concursos públicos – desta vez, estabelecendo cotas a exemplo das utilizadas no acesso às universidades públicas brasileiras.
O presidente anunciou que está em desenvolvimento, sob a coordenação da ministra Anielle Franco, o museu sobre a história da escravidão no Brasil, que ficará localizado no Valongo (na região portuária da cidade do Rio de Janeiro), que foi a porta de entrada que recebeu mais escravos africanos em todo o mundo.
Exportações – Entre os destaques, o presidente afirmou que o BNDES trabalhará para ampliar as exportações brasileiras com bens industriais de alto valor agregado, fortalecendo o desenvolvimento de uma indústria mais digital, mais limpa, circular, mais inovadora e descarbonizada. “Noventa e oito por cento do mercado mundial está fora do Brasil. Para serem competitivas, as empresas brasileiras precisam exportar, como tem defendido também o Ministro Alckmin, ganhar escala e se integrar às cadeias globais de valor. O BNDES deve apoiar o pré-embarque e o pós-embarque das exportações de bens e produtos. Na verdade, Presidente, nós estamos desenvolvendo um projeto para a constituição de um Eximbank no BNDES a exemplo do que já existe nas principais economias do mundo”, disse Mercadante.
Aloizio Mercadante enfatizou também que o Banco apoiará as micro, pequenas e médias empresas, maiores geradoras de emprego e renda do país, com vistas a um impulso tecnológico. Serão R$ 65 bilhões em crédito indireto para MPMEs, cooperativas de crédito e economia solidária, além da oferta de garantias para impulsionar ainda mais crédito privado. Entretanto, o presidente do BNDES aponta a necessidade de estabelecer uma parceria com o Congresso Nacional para debater e ajustar a Taxa de Longo Prazo do BNDES (TLP), de modo a torná-la mais competitiva, sobretudo, para as micro, pequenas e médias empresas. “Atualmente, a TLP apresenta enorme volatilidade e representa um custo financeiro acima do custo da dívida pública federal, o que penaliza de forma desnecessária as micro, pequenas e médias empresas”, ressaltou Mercadante.
Outro ponto importante do discurso de Aloizio Mercadante diz respeito à infraestrutura que, segundo pontuou, apresenta um “hiato de investimentos da ordem de R$ 226 bilhões, ou seja, 2,6% do PIB, ao ano”. O presidente afirmou que o BNDES precisará de parcerias com o sistema financeiro privado, que poderá contribuir com redução de riscos, abertura de novos mercados, alongar prazos e elaborar bons projetos de investimentos. “O investimento privado em infraestrutura, que foi, de R$ 131 bilhões em 2022, precisará ser alavancado fortemente com o suporte do BNDES”, alertou.
O BNDES vai trabalhar para uma transição justa a uma economia de baixo carbono, que enfrente a catástrofe ambiental e a tragédia social do país. Segundo Mercadante, o BNDES do futuro irá liderar pelo exemplo, será mais presente, atuante e parceiro do sistema financeiro privado, além de mais diverso, plural e inclusivo.