Empreendedorismo social: Estudo destaca as principais influências na criação de negócios
De acordo com um estudo desenvolvido pela revista GV Executivo da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP), realizada pelos pesquisadores da Universidade de Fortaleza (Unifor), Roberta Feitosa de Lucena Cavalcante e José Milton de Sousa-Filho, o empreendedor social busca melhorar a sociedade através da criação de modelos de negócios inovadores que visem resolver ou minimizar problemas socioambientais. Diferentemente do empreendedor tradicional, o objetivo principal não é o lucro, mas sim o impacto positivo na comunidade.
Nesse contexto, um estudo com 30 empreendedores sociais brasileiros destacou que as principais influências na criação de negócios sociais foram atividades extracurriculares, voluntariado e mentoria, ao invés da educação formal. Embora muitos tenham se formado em ciências humanas, a faculdade não foi determinante para o caminho do empreendedorismo social.
A pesquisa contribui para uma compreensão mais profunda do empreendedorismo social e para o estabelecimento de novos parâmetros para ações corporativas e políticas públicas que ampliem a quantidade e a qualidade de futuros empreendedores sociais.
A metodologia abordada foi qualitativa baseada em histórias de vida de empreendedores sociais. Os dados foram coletados por meio de entrevistas em profundidade e analisados utilizando técnicas de análise de conteúdo. A maioria dos entrevistados eram jovens, solteiros, com formação superior em diversas áreas, e ocupava posições como fundadores, CEO e diretores. As entrevistas foram analisadas para identificação de categorias por meio de procedimentos de interpretação.
Segundo os empreendedores sociais entrevistados, o entorno pessoal, como pais, avós e tios foi citado como uma fonte de inspiração, mas não foi um fator influenciador predominante. Os entrevistados destacaram a importância da participação em programas de mentoria, incubação e aceleração para auxiliar na criação de seus negócios sociais. Antes de iniciar seus empreendimentos, a maioria atuou como voluntários em causas sociais, o que ajudou a entender melhor os problemas e dificuldades de grupos específicos ou populações.
Citaram também que os brasileiros têm pouca noção do que é um negócio social e confundem seu conceito com filantropia ou responsabilidade social, mas essa percepção está mudando gradualmente. Referente sobre o que os motivam a empreender, apresentam principalmente a oportunidade de resolver problemas sociais e enfrentar desafios atuais. Além disso, a vontade de mudar a vida das pessoas foi essencial.
Já sobre o quesito oportunidades de negócios, os entrevistados citaram a participação em editais de fomento de seleção de projetos sociais é um trunfo importante para fornecer capacitação, recursos financeiros e credibilidade ao negócio.
“Para fomentar o empreendedorismo social, são necessárias propostas motivadoras na educação formal e envolvimento em atividades extracurriculares, além de iniciativas de suporte aos empreendedores, como editais de seleção de fomento a projetos sociais,” conclui os pesquisadores.