Estudo desenvolve guia com passo a passo para tornar cidades sustentáveis
Pesquisadores da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP), junto à organização Governos Locais para a Sustentabilidade (ICLEI), e outros parceiros, criaram o Guia de Infraestrutura Verde e Azul. O objetivo é realizar um passo a passo de como tornar cidades sustentáveis, com foco em melhorar a governança local em relação a: Alimentação, Água e Energia (FWE).
A urbanização acelerada sem planejamento, as mudanças climáticas e a perda da biodiversidade podem gerar insegurança alimentar e escassez de água e energia, uma vez que o consumo desses três elementos vai aumentar significativamente nas próximas décadas. O estudo liderado pela FGV faz parte de um projeto maior, o IFWEN (Iniciativas Inovadoras para Governar Água, Alimentos e Energia em Cidades). Trata-se de um consórcio liderado pela FGV EAESP, que inclui a Universidade de Yale, a Universidade de Estocolmo (Stockholm Resilience Center-SRC), o ICLEI – Governos Locais para Sustentabilidade, a Universidade de Ming-Chuan (Taiwan, China), e a The Nature of the Cities. Ele é financiado por seis agências de pesquisa, incluindo a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e a National Science Foundation (NSF), entre outras.
José Puppim afirma que antes de se considerar o Guia, é necessário entender o que são essas infraestruturas e por que esses elementos foram selecionados como parâmetros. “Se a infraestrutura verde é mais voltada para florestas e agricultura urbanas, telhados verdes, plantações nas ruas, conservação de áreas etc., a infraestrutura azul é voltada para o sistema de águas urbanas, como regiões urbanas alagadas, lagos e lagoas, rios urbanos, ecossistemas da costa a exemplo de mangues e baías, o sistema de drenagem urbano, entre outros”.
O pesquisador também explica a importância dos três sistemas que compõem o projeto: “é estimado um aumento grande no consumo tanto de alimentos, quanto de água e energia para os próximos 50 anos e boa parte desse consumo vem das cidades. Em termos de governança fica evidente que as cidades costumam ter pouca gestão desses sistemas. Por exemplo, grande parte dos alimentos vem de fora das cidades, a gestão do sistema hídrico costuma ser estadual, enquanto a de energia, federal. Assim, fica evidente como as cidades possuem pouca governança sobre os sistemas, o que as impedem de governar ‘green and blue infrastructure’”, disse Puppim.
Considerando-se os três sistemas, o Guia de Infraestrutura Verde e Azul (GBI, do inglês Green and Blue Infrastructure) propõe melhores práticas de governança em categorias como provisionamento (serviços de água, medicinais, matérias-primas), regulação (temperaturas locais, índices de carbono, desperdício de água) e cultural (recreação, saúde, estética), além de servir de suporte para a preservação de espécies e seus habitats nas cidades. Os temas que englobam “Food, Water and Energy”, presentes no GBI, estão alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU).
Puppim relembra que por meio das mudanças climáticas e o crescimento constante da demanda, esses recursos já deixaram cidades reféns em crises de água, energia e alimentos. Por isso, a ideia deste projeto é entender como uma melhor gestão da Infraestrutura Verde e Azul pode evitar a escassez destes recursos.